As geoformas graníticas.

A meteorização é o conjunto de processos físicos e químicos que modificam os minerais das rochas, a sua cor e a sua coesão quando sujeitas à ação dos agentes atmosféricos (água, ar, variações de temperatura) e dos seres vivos. Nos granitos, a meteorização é fundamental para o desenvolvimento de formas de dimensão e aspetos variados.

As rochas graníticas exibem normalmente uma rede subortogonal de fraturas e podem igualmente ter fracturação subhorizontal, constituindo um fator principal da meteorização (esq. A e Fig. 1). A fracturação compartimenta a massa rochosa em blocos e facilita a penetração de água, favorecendo a meteorização e a posterior erosão.

Com a meteorização a progredir em profundidade, a rocha é progressivamente transformada num material decomposto e friável, chamado de “arena granítica”, que pode envolver os blocos arredondados de rocha não meteorizada.

As geoformas graníticas são normalmente classificadas em três grandes grupos, em função da sua dimensão: mega-geoformas (dimensão mínima de 100 metros), meso-geoformas (dimensão entre 1 e 100 metros) e micro-geoformas (normalmente inferiores a 1 metro). Mega-geoformas como inselberg ou bornhardt correspondem a relevos residuais de grande dimensão, não ocorrendo na área do MNL, ao invés de meso-geoformas como blocos (bolas graníticas), tors e nubbins.

Os blocos arredondados (bolas) são expostos à superfície à medida que o manto de alteração é erodido de modo diferencial e aí podem permanecer in situ ou sofrer algum transporte. As bolas graníticas continuam a sofrer os efeitos da meteorização química e física à superfície, podendo evoluir para esta forma já nesse contexto. No MNL, os blocos graníticos superficiais são pouco esféricos, predominando uma configuração irregular, associada a fracturação subhorizontal (Fig. 2).

Apesar da ocorrência de meso-geoformas, no MNL destaca-se a abundância e a diversidade das microgeoformas, nomeadamente as pias, os tafoni e a pseudoestratificação. Estas micro-geoformas ocorrem, de modo geral e indiferenciado, em ambas as fácies graníticas principais do MNL, o que poderá evidenciar a maior importância da química do granito no modelado granítico de pormenor, em relação às suas caraterísticas texturais.

As pias são muito comuns na paisagem granítica do noroeste da Península Ibérica, correspondendo a pequenas depressões fechadas, normalmente circulares, em superfícies rochosas planas ou ligeiramente inclinadas, com diâmetros entre alguns centímetros e alguns decímetros (Fig. 3).

A origem das pias tem sido motivo de debate científico, embora se reconheça que têm origem na meteorização química. Alguns autores defendem uma origem superficial (quando o granito está já sujeito aos agentes atmosféricos), em que a acumulação de água superficial em pequenas concavidades leva à formação de pias, por processos de meteorização química e física. Outros autores defendem uma origem endógena mais complexa, relacionada com a concentração de tensões em pontos específicos do maciço granítico, durante a sua instalação. Os tafoni (plural de tafone, palavra de origem italiana que significa perfuração ou janela) correspondem a formas alveolares e cavernosas presentes nas paredes e superfícies inferiores de blocos graníticos (Fig. 4). As suas ocorrência e distribuição são intrigantes, com alguns blocos (raros) a ocorrer com tafoni lado a lado com outros idênticos dos pontos de vista químico e estrutural. Tal como no caso das pias, a sua origem é controversa, com alguns autores defendendo uma origem subaérea, enquanto outros propõem que a sua formação seja iniciada ainda em profundidade, no mesmo tipo de processo edáfico de formação das pias.

Pseudoestratificação refere-se ao desenvolvimento de fraturas paralelas à superfície topográfica, conferindo um aspeto estratificado (como acontece nas rochas sedimentares) ao granito (Fig. 5). As fraturas (diaclases) resultantes têm tipicamente uma espessura centimétrica a decimétrica, contribuindo significativamente para reduzir a resistência mecânica das rochas, favorecendo movimentos rochosos superficiais ao longo das vertentes.

A pseudoestratificação está associada ao alívio de carga, à medida que os granitos se “aproximam” da superfície. O espaçamento das fraturas tende a aumentar com a profundidade à medida que a pressão aumenta.

Associados à pseudoestratificação, ocorrem neste MNL alguns blocos graníticos mais salientes na sua parte superior do que na sua base (Fig. 6). Estas geoformas, chamadas de blocos em pedestal, têm origem nas meteorização e erosão mais intensas na parte inferior dos blocos pseudoestratificados (Carvalhido, 2012).


Referências Bibliográficas:

Carvalhido (2012). O Litoral Norte de Portugal (Minho-Neiva): evolução paleoambiental quaternária e proposta de conservação do património geomorfológico. Tese de Doutoramento, Universidade do Minho, 564 p.

Pereira, P; Henriques, R.; Brilha, J. & Pereira, D.I. (2019). Conteúdos científicos para a caracterização dos 8 monumentos naturais locais” enquadrado no projeto Geoparque Litoral de Viana do Castelo – 2ª fase. Município de Viana do Castelo, Relatório Final GEOSITE, 273 p.

A meteorização é o conjunto de processos físicos e químicos que modificam os minerais das rochas, a sua cor e a sua coesão quando sujeitas à ação dos agentes atmosféricos (água, ar, variações de temperatura) e dos seres vivos. Nos granitos, a meteorização é fundamental para o desenvolvimento de formas de dimensão e aspetos variados.

As rochas graníticas exibem normalmente uma rede subortogonal de fraturas e podem igualmente ter fracturação subhorizontal, constituindo um fator principal da meteorização (esq. A e Fig. 1). A fracturação compartimenta a massa rochosa em blocos e facilita a penetração de água, favorecendo a meteorização e a posterior erosão.

Com a meteorização a progredir em profundidade, a rocha é progressivamente transformada num material decomposto e friável, chamado de “arena granítica”, que pode envolver os blocos arredondados de rocha não meteorizada.

As geoformas graníticas são normalmente classificadas em três grandes grupos, em função da sua dimensão: mega-geoformas (dimensão mínima de 100 metros), meso-geoformas (dimensão entre 1 e 100 metros) e micro-geoformas (normalmente inferiores a 1 metro). Mega-geoformas como inselberg ou bornhardt correspondem a relevos residuais de grande dimensão, não ocorrendo na área do MNL, ao invés de meso-geoformas como blocos (bolas graníticas), tors e nubbins.

Os blocos arredondados (bolas) são expostos à superfície à medida que o manto de alteração é erodido de modo diferencial e aí podem permanecer in situ ou sofrer algum transporte. As bolas graníticas continuam a sofrer os efeitos da meteorização química e física à superfície, podendo evoluir para esta forma já nesse contexto. No MNL, os blocos graníticos superficiais são pouco esféricos, predominando uma configuração irregular, associada a fracturação subhorizontal (Fig. 2).

Apesar da ocorrência de meso-geoformas, no MNL destaca-se a abundância e a diversidade das microgeoformas, nomeadamente as pias, os tafoni e a pseudoestratificação. Estas micro-geoformas ocorrem, de modo geral e indiferenciado, em ambas as fácies graníticas principais do MNL, o que poderá evidenciar a maior importância da química do granito no modelado granítico de pormenor, em relação às suas caraterísticas texturais.

As pias são muito comuns na paisagem granítica do noroeste da Península Ibérica, correspondendo a pequenas depressões fechadas, normalmente circulares, em superfícies rochosas planas ou ligeiramente inclinadas, com diâmetros entre alguns centímetros e alguns decímetros (Fig. 3).

A origem das pias tem sido motivo de debate científico, embora se reconheça que têm origem na meteorização química. Alguns autores defendem uma origem superficial (quando o granito está já sujeito aos agentes atmosféricos), em que a acumulação de água superficial em pequenas concavidades leva à formação de pias, por processos de meteorização química e física. Outros autores defendem uma origem endógena mais complexa, relacionada com a concentração de tensões em pontos específicos do maciço granítico, durante a sua instalação. Os tafoni (plural de tafone, palavra de origem italiana que significa perfuração ou janela) correspondem a formas alveolares e cavernosas presentes nas paredes e superfícies inferiores de blocos graníticos (Fig. 4). As suas ocorrência e distribuição são intrigantes, com alguns blocos (raros) a ocorrer com tafoni lado a lado com outros idênticos dos pontos de vista químico e estrutural. Tal como no caso das pias, a sua origem é controversa, com alguns autores defendendo uma origem subaérea, enquanto outros propõem que a sua formação seja iniciada ainda em profundidade, no mesmo tipo de processo edáfico de formação das pias.

Pseudoestratificação refere-se ao desenvolvimento de fraturas paralelas à superfície topográfica, conferindo um aspeto estratificado (como acontece nas rochas sedimentares) ao granito (Fig. 5). As fraturas (diaclases) resultantes têm tipicamente uma espessura centimétrica a decimétrica, contribuindo significativamente para reduzir a resistência mecânica das rochas, favorecendo movimentos rochosos superficiais ao longo das vertentes.

A pseudoestratificação está associada ao alívio de carga, à medida que os granitos se “aproximam” da superfície. O espaçamento das fraturas tende a aumentar com a profundidade à medida que a pressão aumenta.

Associados à pseudoestratificação, ocorrem neste MNL alguns blocos graníticos mais salientes na sua parte superior do que na sua base (Fig. 6). Estas geoformas, chamadas de blocos em pedestal, têm origem nas meteorização e erosão mais intensas na parte inferior dos blocos pseudoestratificados (Carvalhido, 2012).


Referências Bibliográficas:

Carvalhido (2012). O Litoral Norte de Portugal (Minho-Neiva): evolução paleoambiental quaternária e proposta de conservação do património geomorfológico. Tese de Doutoramento, Universidade do Minho, 564 p.

Pereira, P; Henriques, R.; Brilha, J. & Pereira, D.I. (2019). Conteúdos científicos para a caracterização dos 8 monumentos naturais locais” enquadrado no projeto Geoparque Litoral de Viana do Castelo – 2ª fase. Município de Viana do Castelo, Relatório Final GEOSITE, 273 p.

Localização

Serra de Sta. Luzia

Coordenadas

Lat: 41,7650758

Long: -8,8076562

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