As rochas graníticas.

As rochas graníticas, ou granitoides, têm origem ígnea (ou magmática), resultando do arrefecimento lento e cristalização de magma a quilómetros de profundidade (rochas intrusivas).

Existem diversos tipos de magma, levando a que a composição química e mineralógica dos granitoides seja muito variável. Os minerais mais comuns são o quartzo, os feldspatos (ortoclase, plagioclase) e as micas (biotite, moscovite). Contêm sempre quartzo e feldspato, embora minerais como biotite, moscovite, anfíbola, granada, entre outros, podem, ou não, estar presentes.

A definição petrológica de granito refere-se a rochas nas quais o quartzo é responsável por 20% a 60% e a plagioclase entre 10% a 65% da soma quartzo + feldspato alcalino + plagioclase. As rochas graníticas são tipicamente rochas duras, homogéneas e cristalinas, com baixa porosidade primária.

O tipo de arrefecimento do magma também pode originar rochas distintas. Um arrefecimento lento, por exemplo, favorece o crescimento dos cristais, dando origem a rochas com cristais apresentando vários centimetros de comprimento. Deste modo, os granitoides podem apresentar diversos tipos de minerais e texturas variadas (a textura refere-se à dimensão dos cristais).

Neste MNL ocorrem dois tipos principais de granitos, instalados no âmbito da orogenia varisca, que teve o seu auge há cerca de 300 milhões de anos (esq. A).

No sector norte do MNL ocorre a fácies (variedade) Granito de Bouça de Frades, de grão fino a médio, porfiroide, instalada durante a 2ª fase de deformação varisca. No sector meridional do MNL ocorre a fácies Granito de Afife, de grão médio a grosseiro, instalada durante a 3ª fase de deformação varisca. No sector sudoeste do MNL ocorre uma variação da fácies Granito de Afife, “de duas micas de grão médio a fino”. Todas as fácies possuem quartzo, feldspato potássico, plagioclase sódica, moscovite, biotite, apatite, zircão e silimanite. A turmalina e a granada são minerais exclusivos da fácies mais diferenciada, no sector sudoeste do MNL (Fig. 1).

A disposição dos granitos está condicionada segundo a sua idade de instalação (na base, os granitos mais recentes da 3ª fase de deformação varisca e, por cima, os granitos mais antigos da 2ª fase), no contexto de um antiforme regional, denominado Antiforme Viana do Castelo – Caminha (AVCC) (Pamplona, 2001; Pamplona e Ribeiro, 2013).

A parte superficial da Terra (litosfera) é formada por placas tectónicas que se movimentam entre si, em convergência, afastamento (divergência) ou deslizamentos laterais (transcorrência). A criação e a destruição de placas tectónicas são processos que decorrem desde os primeiros tempos da história da Terra, ao longo dos milhões de anos. A criação da placa inicia-se, habitualmente, no meio dos continentes, criando oceanos (onde se depositam os sedimentos provenientes da erosão das montanhas e a formação das rochas sedimentares) e posteriormente o seu fecho e a colisão de continentes para formar uma cadeia de montanhas (orogenia). Cada sequência destas corresponde a um ciclo geológico, também designado por Ciclo de Wilson.

Vários ciclos geológicos (com cerca de 500 milhões de anos, desde a abertura inicial à fase orogénica) ocorreram no passado, testemunhados nas rochas que ocorrem atualmente à superfície dos continentes. As rochas que ocorrem em Portugal estão associadas principalmente aos dois últimos destes ciclos: varisco e alpino.

O conjunto geológico estruturado durante o ciclo varisco constitui a ossatura geológica fundamental da Península Ibérica e é designado por Maciço Ibérico. Nas extremidades do Maciço Ibérico (Bacia Lusitana e Algarvia) ou nas depressões no seu interior (Bacias do Douro, Tejo e Sado, Ebro e Guadalquivir) existe acumulação de sedimentos e rochas gerados no Ciclo Alpino (abertura do oceano Atlântico), o qual ainda continua em evolução nos tempos atuais, com fases colisionais a originar o levantamento das cadeias montanhosas mais relevantes da atualidade.

O Maciço Ibérico corresponde a rochas (sedimentares) formadas durante a fase oceânica do ciclo, posteriormente metamorfizadas na fase colisional. Nesta fase, em profundidade foram instaladas várias gerações de plutões graníticos, os quais afloram atualmente em parte significativa do nosso país.

Os granitos que ocorrem no MNL e na região envolvente enquadram-se neste contexto orogénico varisco. A sua ocorrência atual à superfície evidencia uma erosão prolongada (nos últimos 300 Ma) das rochas do Maciço Ibérico, reforçada pelo levantamento tectónico regional ocorrido no âmbito da orogenia Alpina (esqs. B e C).

Na fácies Granito de Bouça de Frades é possível observar encraves micáceos e xenólitos de origem metassedimentar, o que evidencia a posição destas rochas na parte superior do plutão granítico, na proximidade das rochas encaixantes metassedimentares. Estes elementos são particularmente interessantes nas proximidades do vértice geodésico Santa Luzia, onde se observam também estruturas metassedimentares (Formação da Desejosa) em afloramentos graníticos. Na fácies Granito de Afife ocorrem encraves de fragmentos granitoides de fácies mais fina (Granito de Bouça de Frades), sendo esta incorporação testemunho da sua instalação mais tardia (Figs. 2 a 5).

É também na fácies Granito de Afife que se podem observar filões pegmatíticos, alguns com cerca de 1 metro de espessura, contendo granada, turmalina e berilo (Figs. 6 e 7).


Referências Bibliográficas:

Pereira, P; Henriques, R.; Brilha, J. & Pereira, D.I. (2019). Conteúdos científicos para a caracterização dos 8 monumentos naturais locais” enquadrado no projeto Geoparque Litoral de Viana do Castelo – 2ª fase. Município de Viana do Castelo, Relatório Final GEOSITE, 273 p.

As rochas graníticas, ou granitoides, têm origem ígnea (ou magmática), resultando do arrefecimento lento e cristalização de magma a quilómetros de profundidade (rochas intrusivas).

Existem diversos tipos de magma, levando a que a composição química e mineralógica dos granitoides seja muito variável. Os minerais mais comuns são o quartzo, os feldspatos (ortoclase, plagioclase) e as micas (biotite, moscovite). Contêm sempre quartzo e feldspato, embora minerais como biotite, moscovite, anfíbola, granada, entre outros, podem, ou não, estar presentes.

A definição petrológica de granito refere-se a rochas nas quais o quartzo é responsável por 20% a 60% e a plagioclase entre 10% a 65% da soma quartzo + feldspato alcalino + plagioclase. As rochas graníticas são tipicamente rochas duras, homogéneas e cristalinas, com baixa porosidade primária.

O tipo de arrefecimento do magma também pode originar rochas distintas. Um arrefecimento lento, por exemplo, favorece o crescimento dos cristais, dando origem a rochas com cristais apresentando vários centimetros de comprimento. Deste modo, os granitoides podem apresentar diversos tipos de minerais e texturas variadas (a textura refere-se à dimensão dos cristais).

Neste MNL ocorrem dois tipos principais de granitos, instalados no âmbito da orogenia varisca, que teve o seu auge há cerca de 300 milhões de anos (esq. A).

No sector norte do MNL ocorre a fácies (variedade) Granito de Bouça de Frades, de grão fino a médio, porfiroide, instalada durante a 2ª fase de deformação varisca. No sector meridional do MNL ocorre a fácies Granito de Afife, de grão médio a grosseiro, instalada durante a 3ª fase de deformação varisca. No sector sudoeste do MNL ocorre uma variação da fácies Granito de Afife, “de duas micas de grão médio a fino”. Todas as fácies possuem quartzo, feldspato potássico, plagioclase sódica, moscovite, biotite, apatite, zircão e silimanite. A turmalina e a granada são minerais exclusivos da fácies mais diferenciada, no sector sudoeste do MNL (Fig. 1).

A disposição dos granitos está condicionada segundo a sua idade de instalação (na base, os granitos mais recentes da 3ª fase de deformação varisca e, por cima, os granitos mais antigos da 2ª fase), no contexto de um antiforme regional, denominado Antiforme Viana do Castelo – Caminha (AVCC) (Pamplona, 2001; Pamplona e Ribeiro, 2013).

A parte superficial da Terra (litosfera) é formada por placas tectónicas que se movimentam entre si, em convergência, afastamento (divergência) ou deslizamentos laterais (transcorrência). A criação e a destruição de placas tectónicas são processos que decorrem desde os primeiros tempos da história da Terra, ao longo dos milhões de anos. A criação da placa inicia-se, habitualmente, no meio dos continentes, criando oceanos (onde se depositam os sedimentos provenientes da erosão das montanhas e a formação das rochas sedimentares) e posteriormente o seu fecho e a colisão de continentes para formar uma cadeia de montanhas (orogenia). Cada sequência destas corresponde a um ciclo geológico, também designado por Ciclo de Wilson.

Vários ciclos geológicos (com cerca de 500 milhões de anos, desde a abertura inicial à fase orogénica) ocorreram no passado, testemunhados nas rochas que ocorrem atualmente à superfície dos continentes. As rochas que ocorrem em Portugal estão associadas principalmente aos dois últimos destes ciclos: varisco e alpino.

O conjunto geológico estruturado durante o ciclo varisco constitui a ossatura geológica fundamental da Península Ibérica e é designado por Maciço Ibérico. Nas extremidades do Maciço Ibérico (Bacia Lusitana e Algarvia) ou nas depressões no seu interior (Bacias do Douro, Tejo e Sado, Ebro e Guadalquivir) existe acumulação de sedimentos e rochas gerados no Ciclo Alpino (abertura do oceano Atlântico), o qual ainda continua em evolução nos tempos atuais, com fases colisionais a originar o levantamento das cadeias montanhosas mais relevantes da atualidade.

O Maciço Ibérico corresponde a rochas (sedimentares) formadas durante a fase oceânica do ciclo, posteriormente metamorfizadas na fase colisional. Nesta fase, em profundidade foram instaladas várias gerações de plutões graníticos, os quais afloram atualmente em parte significativa do nosso país.

Os granitos que ocorrem no MNL e na região envolvente enquadram-se neste contexto orogénico varisco. A sua ocorrência atual à superfície evidencia uma erosão prolongada (nos últimos 300 Ma) das rochas do Maciço Ibérico, reforçada pelo levantamento tectónico regional ocorrido no âmbito da orogenia Alpina (esqs. B e C).

Na fácies Granito de Bouça de Frades é possível observar encraves micáceos e xenólitos de origem metassedimentar, o que evidencia a posição destas rochas na parte superior do plutão granítico, na proximidade das rochas encaixantes metassedimentares. Estes elementos são particularmente interessantes nas proximidades do vértice geodésico Santa Luzia, onde se observam também estruturas metassedimentares (Formação da Desejosa) em afloramentos graníticos. Na fácies Granito de Afife ocorrem encraves de fragmentos granitoides de fácies mais fina (Granito de Bouça de Frades), sendo esta incorporação testemunho da sua instalação mais tardia (Figs. 2 a 5).

É também na fácies Granito de Afife que se podem observar filões pegmatíticos, alguns com cerca de 1 metro de espessura, contendo granada, turmalina e berilo (Figs. 6 e 7).


Referências Bibliográficas:

Pereira, P; Henriques, R.; Brilha, J. & Pereira, D.I. (2019). Conteúdos científicos para a caracterização dos 8 monumentos naturais locais” enquadrado no projeto Geoparque Litoral de Viana do Castelo – 2ª fase. Município de Viana do Castelo, Relatório Final GEOSITE, 273 p.

Localização

Serra de Sta. Luzia

Coordenadas

Lat: 41,7557434

Long: -8,8223065

Legenda
Tema
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